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Médicos que integram o comitê veem risco na manutenção da abertura de igrejas durante um eventual (e improvável) lockdown Divulgação/Governo do Estado de São PauloA decisão do governador João Doria (PSDB) de definir as igrejas de São Paulo como atividades essenciais repercutiu mal dentro do comitê de contingência da covid-19.Sob o mote “esperança, fé e oração”, Doria anunciou decreto a ser publicado nesta terça-feira que permitirá o funcionamento de igrejas e templos religiosos mesmo numa eventual (e improvável) situação de lockdown decretado em todo o Estado. A medida do governador teve ressonância negativa dentro do comitê de saúde. Primeiro porque os médicos que o integram veem risco na manutenção da abertura de igrejas. Mesmo que algumas delas tenham pé direito alto e sejam amplas e ventiladas, o problema é apontado nos pequenos templos — que são esmagadora maioria — e tendem a aglomerar fiéis.Seguimentos empresariais de shoppings, bares e restaurantes têm criticado as medidas do governador, por considerar que o tucano utiliza dois pesos e duas medidas em suas decisões. Vários estabelecimentos têm sido autuados com multas de alto valor, apesar de terem empenhado esforços e recursos para seguir o protocolo de higiene e operar com parcela reduzida de clientes. Além disso, a decisão de Doria — que, na prática, dá a palavra final no comitê de Saúde — causou mais divisão e insatisfação entre os médicos que integram a estrutura criada pelo governador a pretexto de definir as medidas de restrição para barrar a disseminação do vírus.No comitê, a ideia prevalente é que a situação de iminência de esgotamento de leitos de UTI e de enfermaria aponta a necessidade de que a maioria das cidades fiquem na fase vermelha — a mais restrita e que fecha comércio e serviços. Parte dos médicos defende a adoção de um lockdown por ao menos três dias, diante da expectativa de colapso do sistema de saúde. Na última sexta-feira, o secretário de Saúde, Jean Gorinchteyn, disse que o Estado estava há 20 dias da falência do sistema de saúde no que diz respeito à abertura de novos leitos.
Valor Econômico