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Morre de covid Paulo Gustavo, astro de uma década em que a comédia brasileira estourou

Por Portal Nosso Show/Redação em 04/05/2021 às 23:15:15

Um dos legados do humorista é o recorde histórico que o filme “Minha Mãe É Uma Peça 3”, estrelado por ele, alcançou: foi visto por 11,6 milhões de pessoas e arrecadou R$ 182 milhões, tornando-se o mais rentável filme brasileiro de todos os tempos No ano passado, antes de as salas de cinemas fecharem em decorrência da doença que acabaria por matá-lo, Paulo Gustavo havia batido um recorde histórico. “Minha Mãe É Uma Peça 3”, que estreara no fim de 2019 e seguiu em cartaz em 2020, foi visto por 11,6 milhões de pessoas e arrecadou R$ 182 milhões, tornando-se o mais rentável filme brasileiro de todos os tempos.

Nas primeiras semanas em cartaz, a comédia chegou a ficar na frente de “Frozen 2” e “Star Wars: A Ascensão Skywalker”. Com o abre-e-fecha das salas que se seguiu, nenhum outro filme internacional chegou a superá-lo em 2020. É simbólico que o ator parta deixando essa marca. Foi ele, afinal de contas, o grande astro de uma década na qual a comédia brasileira estabeleceu uma forte comunicação com o público.

Paulo Gustavo nasceu em Niterói, no Rio de Janeiro, em 1978, e morreu nesta terça-feira (4), aos 42 anos, em decorrência de complicações da covid-19. Ele estava internado desde 13 de março no Hospital Copa Star, em Copacabana, na Zona Sul. No domingo (2), seu quadro de saúde piorou, após o ator sofrer uma embolia pulmonar.

O ator era casado com o dermatologista Thales Bretas, com quem teve dois filhos, Gael e Romeu, nascidos por meio de barriga de aluguel há um ano e oito meses. Ele deixa ainda a mãe, Déa Lúcia Vieira Amaral, e o pai, Júlio Marcos, que, assim como Bretas, dividiram com os fãs do ator, por meio das redes sociais, a agonia e a fé durante a luta contra a doença.

Paródia da mãe

A personagem mais famosa do comediante, Dona Hermínia, era uma paródia de Déa. Essa mãe que é meio desatinada e que tem um amor que transborda remonta aos tempos em que ele atuava, basicamente, nos palcos. A peça causava bafafá no Teatro dos Grandes Atores, na Barra da Tijuca, no Rio, quando a produtora Iafa Britz (da comédia “Se Eu Fosse Você”) farejou ali um filme.

Já com o roteiro pronto, houve quem torcesse o nariz para o fato de o papel daquela mãe de bobis nos cabelos caber a um homem. “Por que não a Marieta Severo?”, chegou alguém, despropositadamente, a perguntar. Bastou o filme estrear para que não restasse dúvida de que mais ninguém, homem ou mulher, poderia dar vida àquela personagem histriônica.

“Minha Mãe É Uma Peça: o Filme” (2013) levou 4,6 milhões de pessoas ao cinema e encabeçou a bilheteria do cinema brasileiro naquele ano. O título seguinte, “Minha Mãe É Uma Peça 2: o Filme” (2016), vendeu 9,3 milhões de ingressos.

Por seus números hiperbólicos e pelo carisma de Paulo Gustavo, a franquia foi conseguindo, ano após ano, não apenas furar o bloqueio dos blockbusters hollywoodianos no circuito como quebrar certo preconceito do meio cinematográfico brasileiro em relação à comédia.

O humorista atua em cena da comédia "Minha Mãe É uma Peça 2"

Divulgação

Outros personagens icônicos

Além de Dona Hermínia, Paulo Gustavo viveu uma série de outros personagens – como protagonista ou roubando a cena como coadjuvante – em comédias de longa-metragem, como “Os Homens São de Marte... E é pra lá que eu vou” (2014), “Vai que Cola: o Filme” (2015) e “Fala Sério, Mãe!” (2017); e nas séries de TV “220 Volts” (2011-2016) e “Vai que Cola” (2013-2020).

Estreia na TV e no cinema

Sua estreia na televisão aconteceu em 2005, numa ponta na novela “Prova de Amor”. No cinema, estrearia no ano seguinte, também numa ponta, como o cabeleireiro que atendia a personagem da atriz Lilia Cabral em “Divã” (2009). A cena de Paulo era curtíssima, mas, de tão engraçada, acabou sendo selecionada para o trailer.

Defensor dos direitos humanos

DAo longo da carreira, o humorista foi se tornando, tanto por meio de seus personagens quanto por suas manifestações públicas, um defensor da causa gay. Em 2017, depois de receber uma onda de ataques nas redes sociais por ter postado uma foto ao lado do marido nas Ilhas Maldivas, escreveu: “Eu ainda vou fazer muitas viagens esse ano, vou postar muitas fotos com o Thales, porque eu vou ser viado até o último dia da minha vida”.

Seu posicionamento em relação às causas das minorias identitárias fez também com que, no ano passado, ele procurasse Djamila Ribeiro com o propósito de ceder para a escritora sua conta oficial do Instagram. Durante um mês, a conta do ator, que tem 15,6 milhões de seguidores, dedicou-se à promoção de conteúdos e debates sobre o racismo. Sua atitude inspirou outras celebridades a fazerem o mesmo.

Mas a grande causa do ator, mesmo que a essa ele não tenha aderido em forma de discurso, talvez tenha sido mesmo a do cinema brasileiro. O sucesso de seus filmes contribuiu de forma efetiva para que a produção avançasse naquilo que é sua luta desde os primórdios: a conquista de mercado.

Que Paulo Gustavo não possa provocar o riso neste momento tão áspero e que deixe de realizar filmes quando o cinema brasileiro se vê tão ameaçado faz com que sua partida, para além da tragédia pessoal, ressoe como um lamento coletivo.

Fonte: Valor Econômico

Tags:   Valor
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