"Na doença de Alzheimer, aglomerados de proteĂna beta-amiloide formam placas no cérebro. O donanemabe atua ligando-se a esses aglomerados e reduzindo-os, retardando assim a progressão da doença", explica a Anvisa.
O estudo analisou alterações na cognição e na função cerebral dos pacientes. Eles receberam 700 miligramas (mg) de donanemabe a cada quatro semanas nas trĂȘs primeiras doses e, em seguida, 1.400 mg a cada quatro semanas (para 860 pacientes) ou placebo (uma infusão simulada para 876 pacientes), por até 72 semanas.
"Na semana 76 do estudo, os pacientes tratados com donanemabe apresentaram progressão clĂnica menor e estatisticamente significativa na doença de Alzheimer em comparação aos pacientes tratados com placebo", destacou a Anvisa.
O uso de donanemabe é contraindicado em pacientes que estejam tomando anticoagulantes, incluindo varfarina, ou que tenham sido diagnosticados com angiopatia amiloide cerebral (AAC) em ressonância magnética antes de iniciar o tratamento. Os riscos nesses pacientes, segundo a agĂȘncia, são considerados maiores que os benefĂcios.
As reações adversas mais comuns listadas pela Anvisa são relacionadas à infusão, que pode causar febre e sintomas semelhantes aos da gripe, além de dores de cabeça.
"Como acontece com qualquer medicamento, a Anvisa irĂĄ monitorar a segurança e a efetividade do donanemabe sob rigorosa anĂĄlise. Serão implementadas atividades de minimização de risco para o donanemabe em conformidade com Plano de Minimização de Riscos aprovado."
O Ministério da SaĂșde define a doença de Alzheimer como um transtorno neurodegenerativo progressivo e fatal que se manifesta pela deterioração cognitiva e da memória, comprometimento progressivo das atividades de vida diĂĄria e uma variedade de sintomas neuropsiquiĂĄtricos e de alterações comportamentais.
A doença se instala quando o processamento de certas proteĂnas do sistema nervoso central começa a dar errado. Surgem, então, fragmentos de proteĂnas mal cortadas, tóxicas, dentro dos neurônios e nos espaços que existem entre eles.
Como consequĂȘncia dessa toxicidade, ocorre perda progressiva de neurônios em regiões do cérebro como o hipocampo, que controla a memória, e o córtex cerebral, essencial para a linguagem e o raciocĂnio, memória, reconhecimento de estĂmulos sensoriais e pensamento abstrato.
"A causa ainda é desconhecida, mas acredita-se que seja geneticamente determinada. A doença de Alzheimer é a forma mais comum de demĂȘncia neurodegenerativa em pessoas de idade, sendo responsĂĄvel por mais da metade dos casos de demĂȘncia nessa população", detalha o ministério.
No Brasil, centros de referĂȘncia do Sistema Ănico de SaĂșde (SUS) oferecem tratamento multidisciplinar integral e gratuito para pacientes com Alzheimer, além de medicamentos que ajudam a retardar a evolução dos sintomas.
"Os cuidados dedicados às pessoas com Alzheimer, porém, devem ocorrer em tempo integral. Cuidadores, enfermeiras, outros profissionais e familiares, mesmo fora do ambiente dos centros de referĂȘncia, hospitais e clĂnicas, podem encarregar-se de detalhes relativos à alimentação, ambiente e outros aspectos que podem elevar a qualidade de vida dos pacientes."
Fonte: AgĂȘncia Brasil