Dino é relator das ações em que o Supremo, Congresso e governo concordaram com um plano de trabalho para dar mais transparĂȘncia e rastreabilidade na indicação de bilhões de reais em emendas parlamentares ao Orçamento da União. Para o ministro, a eventual existĂȘncia de um acordo polĂtico paralelo pode afetar a execução do plano, e por isso deve ser esclarecida pelo lĂder do PL.
"As declarações atribuĂdas ao lĂder do PL na Câmara, Deputado Sóstenes Cavalcante, se verdadeiras, poderiam indicar que emendas de comissão estariam novamente em dissonância com a Constituição Federal e com a Lei Complementar n° 210/2024", afirmou o ministro, referindo-se à lei sancionada em novembro para disciplinar a distribuição de emendas.
Em entrevista ao jornal O Globo, Sóstenes disse haver um acordo com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para distribuição desse tipo de emenda parlamentar, mas que o pacto poderia ser quebrado se não for pautado o projeto sobre a anistia para presos e réus envolvidos com os atentados do 8 de janeiro de 2023, quando as sedes do TrĂȘs Poderes foram invadidas e depredadas.
Segundo o jornal, Sóstenes disse que o acordo com Motta prevĂȘ que 30% das emendas a que as comissões da Câmara tĂȘm direito fiquem com o partido que preside cada colegiado, e os outros 70% sejam distribuĂdos pelo presidente da Câmara aos demais partidos.
"Se for preciso uma medida extrema, vamos desrespeitar esse acordo e passar a gerenciar 100% do valor das emendas das comissões que presidimos, dividindo o montante entre os deputados que votaram pela urgĂȘncia da anistia", disse Sóstenes, conforme publicado na sexta-feira (25) pelo jornal O Globo.
A fala foi reproduzida na decisão de Dino que mandou o lĂder do PL explicar tal acordo. "Esses esclarecimentos, ora requisitados, associam-se ao dever do Relator de assegurar o fiel cumprimento do Acórdão do PlenĂĄrio do STF, no tocante ao fim de qualquer modalidade de "orçamento secreto"", escreveu o ministro.
Dino afirmou que a eventual explicação permitirĂĄ "uma melhor anĂĄlise quanto a estes fatos novos revelados pelo multicitado LĂder PartidĂĄrio". Após a manifestação do parlamentar, o ministro disse que deverĂĄ fazer "a anĂĄlise de novas medidas eventualmente necessĂĄrias".
Em seu perfil na rede social X, Sóstenes disse ter sabido pela imprensa sobre a intimação para prestar esclarecimentos sobre "manifestações polĂticas realizadas no exercĂcio do meu mandato". O deputado disse que, ao ser notificado oficialmente, vai responder "com a firmeza, transparĂȘncia e equilĂbrio necessĂĄrio!".
O lĂder do PL acrescentou que "o Parlamento é livre. Deputado eleito pelo povo não se curva a ameaças de ministro do STF".
Fonte: AgĂȘncia Brasil