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Mesmo gratuita e disponível, vacina contra a covid-19 só foi aplicada em 3,5% dos russos A Rússia foi o primeiro país a anunciar a aprovação de uma vacina contra a covid-19. Deste então, dezenas de países, entre eles o México e o Irã, encomendaram milhões de doses do imunizante, batizado como Sputnik V.Na própria Rússia, porém, a campanha de vacinação tem enfrentado dificuldades. Embora a Sputnik V seja gratuita e esteja amplamente disponível, apenas 3,5% dos russos receberam a pelo menos uma dose da vacina, contra quase 18% dos americanos e 32,1% dos britânicos, de acordo com Our World in Data, um projeto vinculado à Universidade de Oxford que acompanha a imunização em todo o mundo. Pesquisas recentes feitas pelo Levada Center mostram que 30% dos russos estão dispostos a receber a Sputnik V, uma queda em relação a dezembro, quando a aceitação era de 38%. Por trás do ceticismo estão dúvidas sobre o desenvolvimento da vacina e uma desconfiança persistente em relação às autoridades do país, originada no passado soviético.As mesmas pesquisas mostram, por exemplo, que muitos russos acreditam que o novo coronavírus é uma arma biológica feita pelo homem e que há uma forte descrença em relação à covid-19 na Rússia.Matias Delacroix/APPara acelerar a campanha de vacinação, as autoridades do país deixaram de lado os grupos prioritários e abriram a campanha para todos os russos em janeiro. Centros de imunização foram instalados em praças de alimentação e shoppings. Em alguns casos, sorvetes grátis eram oferecidos a cada dose.“Não há falta de vacinas”, disse recentemente o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov. “Mas não se pode dizer que há uma corrida [para se vacinar]”, acrescentou ele.As autoridades esperam que a demanda pela Sputnik V, já aprovada para uso emergencial em mais de 40 países, aumente à medida que os russos aprendam mais sobre as vantagens de se imunizar contra a doença. Na última semana, a União Europeia (UE) começou a analisar seu uso no bloco.O presidente da Rússia, Vladimir Putin, que regularmente elogia a vacina nas emissoras estatais e a exalta em suas conversas com líderes estrangeiros, ainda não foi vacinado. O Kremlin disse que ele planeja se vacinar durante o fim do verão ou no início do outono, após consultar médicos.“O governo precisa fazer um trabalho melhor para comunicar os benefícios da vacina”, diz Anton Gopka, especialista em gestão tecnológica e inovações da Universidade ITMO, de São Petersburgo, e sócio da empresa de investimento em saúde ATEM Capital. “E é claro que as pessoas ficariam mais confortáveis se o chefe de Estado a tomasse.”
Valor Econômico