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Alta mais forte da Selic no início pode fazer aumento total ser menor, reitera Campos



Em evento do FMI, presidente do BC voltou a afirmar que efeitos que elevaram inflação nos últimos meses são em sua "maior parte" temporários, mas admitiu que os núcleos começaram a ser afetados O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, reforçou que elevações mais altas da taxa básica de juros em um primeiro momento podem fazer com que o aumento total da Selic seja menor no fim do ciclo.

"Achamos que fazendo ‘frontload’ (alta inicial mais forte dos juros) precisaríamos elevar menos a taxa no fim", disse em evento sobre os desafios e as reformas prioritárias no caminho para a recuperação econômica no Brasil, promovido pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e transmitido nesta terça-feira. A participação de Campos, em inglês, foi gravada na última quinta-feira.

Campos voltou a afirmar que o BC considera que os efeitos que elevaram a inflação nos últimos meses são em sua "maior parte" temporários, mas admitiu que os núcleos - mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica - começaram a ser afetados por essas elevações.

Ele reforçou que o BC planeja "uma normalização parcial" da política monetária, com a Selic abaixo da taxa estrutural de juros - aquela que permite o máximo de crescimento da economia sem acelerar a inflação. "Ainda achamos que precisamos de estímulos [monetários]", afirmou.

Por fim, Campos reconheceu as dificuldades de elevar a taxa básica de juros em meio a uma pandemia. "É difícil explicar quando você começa um processo como esse, quando ainda há muitos problemas ligados à pandemia", disse.

No mês passado, o BC elevou a Selic de 2% ao ano para 2,75% ao ano e indicou outra elevação de 0,75 ponto para a reunião de maio.

Desafio fiscal

O presidente do BC afirmou que o quadro fiscal é o principal desafio à condução da política monetária. "Os maiores desafios que o Brasil tem estão todos ligados ao fiscal. Tenho dito que tem sido tudo a respeito do fiscal", disse.

Sobre o cenário externo, Campos afirmou que "algumas mudanças nos preços de commodities são mais estruturais do que as pessoas pensavam", sem entrar em maiores detalhes. Ele destacou que recentemente o preço das commodities começou a subir, em função de fatores ligados à economia asiática e ao pacote de infraestrutura do governo americano.

Segundo o presidente do BC, a normalização de economias avançadas vai causar "algum" estresse em uma parte dos países emergentes "em algum momento". Campos lembrou também que o BC começou a perceber a possibilidade de reflação no exterior ainda em novembro do ano passado.

Medidas emergenciais

Campos afirmou que "muitas das medidas" emergenciais de crédito adotadas pela autoridade monetária durante a pandemia "serão úteis por muito tempo".

Ele citou uma série de aprendizados feitos pelo BC com as medidas. Segundo Campos, a divisão de garantias entre o Tesouro Nacional e as instituições financeiras gera linhas "mais eficientes" para alocar os recursos, já que os bancos são mais criteriosos para conceder os empréstimos e recuperar os recursos posteriormente. "Mas o dinheiro demora mais a ser alocado", admitiu.

Campos também reconheceu que linhas de financiamento de folha salarial são difíceis de implantar, como aconteceu no Brasil e nos Estados Unidos.

Ele também afirmou que a possibilidade de as instituições financeiras oferecerem créditos privados como garantia para acessar os recursos do BC geram liquidez e ao mesmo tempo "reduzem distorções" nos mercados.

No entanto, "é muito difícil" de uma forma geral "fazer com que o dinheiro chegue às menores empresas", embora o presidente do BC tenha considerado os programas implantados no ano passado bem sucedidos.

Por fim, Campos afirmou que em situações como a de 2020 "é melhor fazer muito do que fazer menos".

Leo Pinheiro/Valor

Valor Econômico

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