Presidente do BC disse que Guedes esclareceu melhor o processo em um segundo momento, mas observou que o impasse gera um prêmio de risco na curva de juros O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou que a explicação para o impasse envolvendo o Orçamento deste ano "não foi boa e criou incerteza" em um primeiro momento.
"Acho que o ministro [da Economia] Paulo Guedes explicou [posteriormente] esse processo", disse nesta terça-feira.
Ele lembrou, no entanto, que o impasse gera um prêmio de risco na curva de juros.
Campos proferiu palestra em evento virtual promovido pelo Itaú, sobre os desafios para a política monetária no Brasil. Ele também destacou que o pacote fiscal colocado em prática pelo Brasil durante a pandemia foi "um dos maiores dos emergentes, se não o maior".
"Isso deixa o Brasil com uma dívida muito alta", disse, afirmando que esse fator também adiciona prêmio de risco.
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O presidente do BC ainda afirmou que novos gastos, por meio de um estado de calamidade, seriam contraproducentes para estimular a atividade econômica, já que levariam a uma piora das condições financeiras.
Inflação
Campos afirmou que as elevações mais fortes da Selic neste início de ciclo não têm como objetivo "fixar a inflação de 2021", mas evitar a "contaminação" da inflação de 2022. Mais cedo, ele reforçou que a alta mais forte da Selic no início do ciclo pode fazer o aumento total ser menor.
No evento do Itaú, ele foi questionado sobre o que poderia fazer o BC adotar uma "normalização total" da política monetária em vez de uma "normalização parcial". Ele destacou que os preços das commodities em reais "subiram muito", contaminando a inflação, e que também houve elevação do prêmio de risco.
"Esses elementos teriam que mudar [para que a normalização fosse total]", afirmou.