A polemica dos shows sertanejos bancados por prefeituras mostrou que o incentivo à cultura no Brasil está de cabeça para baixo. As verbas diretas poderiam ajudar artistas menores. Já a Lei Rouanet, por passar pelo crivo de empresas, tende a impulsionar projetos que já têm apelo de público.
O que se vê no Brasil é o oposto: grandes artistas, em especial do sertanejo, ganham este incentivo direto, liberado com pouco critério por prefeituras. Os outros artistas lutam pelo incentivo de uma lei que, além de ser desmontada pelo governo, tem um formato pouco adequado a eles.
"A Rouanet é uma lei de incentivo fiscal. Ou seja: é um incentivo à cultura indireto, em que o governo abre mão de impostos que tem a receber das empresas. E elas investem esse imposto devido em projetos culturais", Dani começa a explicar.
"Essas empresas apoiam a cultura, mas com uma legislação que serve para o marketing cultural. O projeto passa por um crivo rigoroso do governo, mas a empresa acaba selecionando os que tenham uma identidade artística que tenha a ver com ela."
"Precisa haver relação entre aquilo que o artista diz e o que a empresa está querendo dizer para o seu público", explica a especialista.
"E, principalmente, a empresa seleciona artistas que tenham apelo de público, que já sejam grandes, que já tenham um diálogo com o consumidor dessa empresa, para que então ela possa realizar o seu marketing cultural por meio desse projeto", ela conclui.
Fonte: g1.globo.com